Aqui, no lugar de Porto Covo…
Hoje, a velha vila de pescadores que um dia Rui Veloso
imortalizou em cantiga, já se estende para Norte, enchendo-se de pequenos
aglomerados de casas muito recentes, geminadas, mas sem a traça das que permanecem
no centro. Vale a pena ir até à praça Marquês de Pombal, setecentista,
quadrangular à maneira das praças pombalinas. Tem uma igreja e fiadas de
casinhas de uma porta e uma janela e barra azul, antigas casas de pescadores,
transformadas em restaurantes, bares, artesanatos, cafés. Integrada no Parque
Natural do Sudoeste Alentejano e com o mar como cenário de fundo, Porto Covo é
ainda uma pequena vila piscatória que se desenvolveu bastante nas últimas
décadas. Mesmo junto à aldeia, a Praia Grande tem as características de uma
praia urbana, com bons acessos e infra-estruturas de apoio. Rodeada de grandes
rochedos que a tornam mais abrigada, é banhada por um mar de águas límpidas
que, por vezes, tem uma ondulação forte apreciada, bastante pelos surfistas.
Ali bem à vista, a Ilha do Pessegueiro, para sul, com as
suas falésias mais bem delineadas, com a praia em forma de concha a mirar a
Ilha. Para lá se pode nadar ou navegar. Nela jazem os restos de um forte do
tempo dos Filipes e o forte do Pessegueiro, do século XVI. A caminho de Vila
Nova de Milfontes, as praias de Aivados e do Malhão estendem-se ao longo de
sete quilómetros, cheios de recantos alheios à civilização popular.
Vila Nova de Milfontes
A costa começa a elevar-se a partir de Porto Covo e as
falésias chegam até ao Cabo de S. Vicente. São 26 quilómetros de falésias que
chegam a ter 45 metros de altura no Cabo Sardão, enraizadas nos verdejantes
pinhais, que tão bem se familiarizam com os solos arenosos e com a brisa do
mar. No centro de tudo isto a Vila Nova das Milfontes é apenas surpresa para
quem já não a conhece. Sobretudo se se fizer a aproximação pela estrada que
passa pelo Cercal. Vila Nova, no estuário do rio Mira, alva e caiada para o
turismo de Verão, sempre cuidada. Na marginal, sobressaem os largos milhares de
pessoas, acompanhadas pelas demasiadas centenas de carros que viajaram de todo
o país para aqui repousar por uns dias. Ao lado de uma fila de trânsito e de
uma outra para o Multibanco, a muralha do velho forte, construído em 1620, como
está escrito no chão, na pedra da calçada. A água é fria, é de rio. Mas do
outro lado, na curva do estuário as ondas já são salgadas pelo mar Atlântico.
Apesar das muitas gentes que aqui vêm todos os anos, sente-se aqui Alentejo
ainda. Basta levantar o olhar e reparar na outra margem do Mira. Fala-se numa
mega urbanização que Luís Figo anda a tentar aí construir mas para já… Praias
desertas, vegetação impenetrável, verdadeiro hino à Natureza…
Fonte: Texto Pedro Cativelos
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