Translate

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Praias


Aqui, no lugar de Porto Covo…

Hoje, a velha vila de pescadores que um dia Rui Veloso imortalizou em cantiga, já se estende para Norte, enchendo-se de pequenos aglomerados de casas muito recentes, geminadas, mas sem a traça das que permanecem no centro. Vale a pena ir até à praça Marquês de Pombal, setecentista, quadrangular à maneira das praças pombalinas. Tem uma igreja e fiadas de casinhas de uma porta e uma janela e barra azul, antigas casas de pescadores, transformadas em restaurantes, bares, artesanatos, cafés. Integrada no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e com o mar como cenário de fundo, Porto Covo é ainda uma pequena vila piscatória que se desenvolveu bastante nas últimas décadas. Mesmo junto à aldeia, a Praia Grande tem as características de uma praia urbana, com bons acessos e infra-estruturas de apoio. Rodeada de grandes rochedos que a tornam mais abrigada, é banhada por um mar de águas límpidas que, por vezes, tem uma ondulação forte apreciada, bastante pelos surfistas.
Ali bem à vista, a Ilha do Pessegueiro, para sul, com as suas falésias mais bem delineadas, com a praia em forma de concha a mirar a Ilha. Para lá se pode nadar ou navegar. Nela jazem os restos de um forte do tempo dos Filipes e o forte do Pessegueiro, do século XVI. A caminho de Vila Nova de Milfontes, as praias de Aivados e do Malhão estendem-se ao longo de sete quilómetros, cheios de recantos alheios à civilização popular.




Vila Nova de Milfontes

A costa começa a elevar-se a partir de Porto Covo e as falésias chegam até ao Cabo de S. Vicente. São 26 quilómetros de falésias que chegam a ter 45 metros de altura no Cabo Sardão, enraizadas nos verdejantes pinhais, que tão bem se familiarizam com os solos arenosos e com a brisa do mar. No centro de tudo isto a Vila Nova das Milfontes é apenas surpresa para quem já não a conhece. Sobretudo se se fizer a aproximação pela estrada que passa pelo Cercal. Vila Nova, no estuário do rio Mira, alva e caiada para o turismo de Verão, sempre cuidada. Na marginal, sobressaem os largos milhares de pessoas, acompanhadas pelas demasiadas centenas de carros que viajaram de todo o país para aqui repousar por uns dias. Ao lado de uma fila de trânsito e de uma outra para o Multibanco, a muralha do velho forte, construído em 1620, como está escrito no chão, na pedra da calçada. A água é fria, é de rio. Mas do outro lado, na curva do estuário as ondas já são salgadas pelo mar Atlântico. Apesar das muitas gentes que aqui vêm todos os anos, sente-se aqui Alentejo ainda. Basta levantar o olhar e reparar na outra margem do Mira. Fala-se numa mega urbanização que Luís Figo anda a tentar aí construir mas para já… Praias desertas, vegetação impenetrável, verdadeiro hino à Natureza…



Fonte: Texto Pedro Cativelos

Sem comentários:

Enviar um comentário