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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Praias


Almograve

Para lá do rio, o areal estende-se por mais alguns quilómetros até Almograve, um dos mais bonitos percursos dunares que se pode observar… Por ali, as ondas são de mar e de areia esculpida pelo vento. A vegetação prende as suas raízes para escapar à fúria devastadora da hora de almoço de uma… manada de vacas que dali faz pasto e repasto.
As dunas alongam-se, com as suas encostas de areia avermelhada, ferruginosa até à Zambujeira, passando pelo Cabo Sardão, outro local que ainda conserva a essência do Alentejo litoral. A praia, rochosa, mas com bastante espaço para o mergulho livre de adultos e crianças, tem uma cor azul, especial, retemperadora, serena, acolhedora.

Zambujeira do Mar, um festival, a sudoeste…

Integrada no Parque Natural da Costa Vicentina e Sudoeste Alentejano, a Praia da Zambujeira do Mar está rodeada por falésias altas, de onde se pode apreciar um deslumbrante panorama sobre o Atlântico. Banhada por um mar de ondulação forte, com boas condições para a prática de surf e bodyboard, a praia está situada junto a uma povoação que se viu lançada na fama com o festival Sudoeste. Todos os anos milhares de jovens a visitam na primeira semana de Agosto, transformando-a numa espécie de Woodstock perdido no tempo e no sentido. Há papéis nas janelas. “Alugam-se quartos, chambres, zimmers…”. Para quem não quer acampar e tem dinheiro vivo no bolso, porque aqui, os preços disparam durante uma semana em cada ano. Depois, bem, regressa a tranquilidade.

Amália na praia e Odeceixe…

Já perto da fronteira com o Algarve, descobre-se, a praia da Amália, precisamente, o local onde passava largas temporadas e onde ainda existe a casa de Amália Rodrigues. Fazia-lhe bem o mar, costumava dizer, aquele pequeno sitio, de pescadores a navegar ao longe, em pequenos botes de madeira azul e branca com nome de mulher, numa estranha forma de vida, sem destino e com saudade. Antes, chamavam-na a praia dos girassóis… Faz sentido, porque também o sol é uma estrela que nunca deixa de iluminar.

A praia de Odeceixe é aqui tão perto. A terra é seca, e curta na distância que separa as duas margens da Ribeira de Seixe, a linha geográfica que separa as duas regiões.


  O Alentejo está perto do fim. Pelo menos por aqui. Mas há ainda tanto por descobrir, tem de haver, pressente-se, por entre as lágrimas das ondas que se despenham de encontro à rocha milenar, no voar das garças do final de tarde, no corrupio das gaivotas perseguindo os homens que regressam da faina, no estrépito das folhas de pinheiros enleados pela agitação provocada pela mudança das marés. Tanto para perceber ainda nos sorrisos que se recebem com simplicidade, cúmplices deste território que ainda é tão selvagem e simultaneamente, tão humano.


Fonte: Texto de Pedro Cativelos

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