Costa Vicentina
O Alentejo é feito de costas abruptas e encostas suaves,
erguido nos montes, nascido nas plantações, renascido no turismo, alimentado na
boa mesa, retemperado nas praias, muitas, das melhores que o nosso país tem a
oferecer. De Tróia a Odeceixe, na fronteira com o Algarve, as finas areias
brancas, diluem-se na paisagem do mar infinito, azul, contagiante,
contrastante, como esta terra moldada nas ondulações enraivecidas do vento
invernoso, mas emoldurada na memória da brisa cálida das Primaveras que se
sucedem. Fomos conhecer as costas do Alentejo, muitas vezes esquecidas, outras
tantas simplesmenete abandonadas, mas cada vez mais visitadas e traçamos-lhe um
roteiro da outra face de um Alentejo que nunca é grande de mais para ser
descoberto.
Secularmente estas são terras de camponeses, pescadores e
apanhadores de marisco… Agora, chegam turistas, curiosos visitantes, foragidos
ao stress, surfistas… Mas a vida segue. Impávida, serena, como se quer. Os
Alentejanos do Sudoeste, habitantes da Costa Vicentina convidativa ao descanso
nos campos forrados de flores até às falésias, a pique sobre o mar em revolta
sabem, mesmo sem darem por isso que, por aqui, o “Algarve” ainda está muito
longe, e as mega-urbanizações e as auto-estradas são ainda projectos que não
passaram do plano de papel. Estão degradados, a maioria dos acessos que
conduzem a praias onde por enquanto ainda só é possível chegar de jipe, ou com
muito espírito aventureiro, por entre cabeços cobertos de estevas agressivas.
Mas a cada praia, mais ou menos recôndita que se avista, a sensação é
impressionante e o ar, carregado de iodo, chega a arder quando se respira
fundo. Cheira a descoberta, cheira a liberdade.
Fonte:Texto Pedro Cativelos